Fumaça de cigarros diferentes. Pessoas com sorrisos diferentes. Olho assustado cada rosto novo. São dezenas. Observo as costas abertas de duas mulheres lindas. Tatuadas. O som na pista é alto e nos outros ambientes todos conversam abafando os ruídos.
Meu foco logo encontra um sentido obsessivo. Ela está com uma amiga. Conversam sentadas, talvez tentando se afastar do barulho. Acaricio com os olhos cada detalhe daquele rosto. Uma pinta que inevitavelmente lembra uma atriz. Só que essa sorri bem mais bonito.
Preciso dizer alguma coisa. Ela olha tão dentro dos meus olhos dessa vez que acaba virando o rosto no reflexo do encontro de olhares. São tantas bobagens que se diz nessas horas. Nunca consigo pensar em algo inteligente, então o jeito é escrotamente tentar ser engraçado. Raro quando isso funciona. Fiz o óbvio mesmo.
- Olha, eu já estou de saída, só não queria ir sem pegar seu telefone.
Ela oferece os olhos e sorri pegando a caneta. Escreve Isabel no verso do bilhetinho com os números. Eles ainda estão anotados por aqui em algum lugar.