quarta-feira, setembro 27, 2006

Natália moendo carne

A menina chora atordoada. Alguém sempre diz que isso logo passa. O ódio parece com os olhos das garotas sentadas esperando a mesma sorte. Uma finalidade ou fatalidade escrota.

"Tudo fica bem" - Eles dizem agora e Natália odeia ouvir. Hoje o som da sala branca enlouquece pra evitar esse tipo de pensamento. Pronto. Foi. Acabou.

O ruído ainda é enorme. Ela força as mãos pequenas tentando esconder os ouvidos enquanto a pressão cai. Nunca se sentiu tão fraca (frágil?!) assim. Tudo é uma porrada de mão aberta, um furacão ao pé do ouvido.

- Não liga, amor. Eles dizem.

- Vão se fuder! Ela urra na ante-sala.

sábado, setembro 16, 2006

Laranjeiras - 153

Felicidade - Ela atravessa a Rua das Laranjeiras com uma sacola de compras na mão. Frutas, pão e pó de café.

Usa uma blusa branca e o jeans azul surrado que adora. Sorri por saber que o sol dessa tarde só mostra o sentido que a palavra faz na canção que ela cantarola enquanto caminha com o coração batendo acelerado.

Tudo ao mesmo tempo. Sorriso, pensamento, canção e um sonho vestido de calor verde-celeste. Escreve seu nome com os dedos na vidraça morta e úmida do edifício número 153.