terça-feira, maio 20, 2008

Auto-imunidade

Acho que você vai acabar nunca sabendo do que você faz aqui dentro, da minha substância inteira que se espreme e jorra no peito quando eu leio o teu nome. Você, autora das minhas crônicas diárias, que pinta e escreve, que beija e que suja os meus lençóis.

Tenho que parar de ler você nas fotografias que eu não tirei, nos poemas que eu nem sei escrever, no que eu nunca vou dizer. Eu tenho que parar. Me concentrar na minha respiração; inspirar, expirar e expurgar.

Quando você vai deixar de me inspirar?

Vou tentar me desintoxicar da tinta que você injetou debaixo da minha pele, vou deixar de escorrer você. Vou acender fogueiras, vou beber mais do teu líquido (ah se vou), serei humano, tocha. Em chamas eu vou acenar pra você fingido que é pro mundo inteiro.

E aí, quando só sobrar o essencial, o mínimo pra me deixar em pé, eu vou parar, porque as cinzas meus joelhos não beijam mais.

E o meu novo 'inteiro' será o 'intacto'. Serei pequeno, mas coeso. Morno, mas calmo. Serei em vão, mas são.

Queria acreditar que vou ser salvo da minha autopreservação.

sexta-feira, maio 09, 2008

"O tempo parou feito fotografia
amarelou tudo que não se movia."