segunda-feira, julho 27, 2009

cigarro

- o amor é como um cigarro.
- não entendi.
- a gente traga, sente-se bem e ele acaba.
- e o filtro?
- a gente joga fora e pisa em cima. depois a gente busca outro no maço.

sexta-feira, julho 24, 2009

à noite

eu já conheço suas curvas. seus beijos e gestos. seus momentos de riso e de choro. conheço você inteira. cada recorte, cada fotografia. seus desejos não me suportam, nossas verdades são embassadas. minhas mãos lembram das suas, do encaixe preciso. suas roupas estão na minha memória. até as que você usou nos dias que não nos vimos.

eu já vivi você toda nos meus sonhos. só neles. não interessa a realidade, o sonho sempre basta.

sexta-feira, julho 17, 2009

haikai

de quatro. esperando com os cotovelos encostados no sofá, a pele amarela coberta daquele vermelho que só o sol carioca consegue imprimir no corpo, ela movimenta os quadris contra o meu pau e a velocidade com que enfio é proporcional a que bunda vem em minha direção. firme. os ruídos são baixos e a voz médio-grave, soluçando meu nome, pedindo pra desacelerar a entrada, sentir cada toque de pele, de vontade reprimida, casamento acabado, esquecido enquanto meu pau a penetra na meia luz do apartamento às 3:30 da madrugada, a vontade de ser fêmea outra vez, sexo molhado, ela fecha os olhos e esquece os problemas, como alguém que nada pra não pensar, batendo os braços repetidamente na água, sente meus dedos forçando com vontade o corpo contra o seu, empurrando todo o tesão que sinto ao ver aquela bunda de tantas masturbações, ali, mexendo, deixando meu pau sair devagar pra voltar ainda mais ereto, seco, vermelho.

ao fundo a música galopa no ruído das horas.

no vazio da sala sem móveis.

quinta-feira, julho 16, 2009

curta metragem

Naquela noite ele não tinha se vestido pra nada que viria a acontecer. As unhas vermelhas perdiam a cor no quarto escuro e ele não podia afastar-se daquela cama. Era tesão no sentir tesão. Era a vontade pela vontade. Esqueceu-se do amor e do depois. Não podia sair dali, aquele era o momento das frases e confidências rasgadas. Não tinha sexo nem beijo, era pura entrega no quarto sem luz. Masturbação dos egos sem orgasmos.

Os orgasmos viriam depois, efêmeros e intensos como qualquer outro gozo.

Mas foi ali, no quarto onde não se via o vermelho, que o filme começou.