quarta-feira, março 12, 2008

Nine out of ten movie stars make me cry

I’m alive.

E vivo agora no Solar da Fossa onde Caetano plantou folhas de sonho e Leminski colheu. O dinheiro é contado pra café, comida e cigarro. Cerveja quando sobra alguma coisa. Durmo ao lado da garota vestida pra viagem nos encartes de compact disc e ela me masturba com as unhas pintadas de esmalte rosa. O mundo que era jardim virou caderno de classificados de domingo, cheio de caminhadas longas até empregadores dizendo bobagens que os tornaram donos de alguma coisa. É cedo demais para a loucura e tarde demais para a poesia. Pro amor então, nem se fala.

Quando atravesso o túnel, vejo uma Copacabana iluminada pela manhã que apaga as cores de quem ganha a noite como eu já ganhei um dia, com o coração de primeira viagem, agora calejado só suporta os dias de segunda à sexta, essa coisa toda de vida real, sem cruz do Pilarzinho, nem ilusão de novos tempos, o trabalho deve aparecer logo, mas o sonho garante que não vai parar de produzir. Guardei esse ensinamento para não tentar o caminho mais óbvio. Aqui vai o poder de imaginar a força interior suportando a construção de um edifício pálido de concreto armado onde ainda existe o meu peito. Meio machucado, ele persiste. Ninguém compreende ou me conhece.

O Solar no meu peito ainda não é coluna alguma do Rio Sul.