domingo, setembro 14, 2008

Dos bordados, firulas e outros adornos

"Pra sempre" é sempre metáfora. A exceção pra justificar minha regra é a morte. De resto, é tudo metáfora. Somos comparações, substituições de mundo, definições adornadas, dispersões caprichadas, não? Porque somos nós e somos todos; somos tanto...

"Pra sempre" não existe. Nunca existiu pra mim. Até agora. Metáfora. Essa coisa que temos costurado, esse entrelaçar tão delicado, tão nosso, essa colcha que nos abraça e nos deixa livres pra estarmos nus. Temos metáforas que nos cobrem. Somos todos.

Acordar derramado de bicos de peito e umbigos gigantes. Aos poucos vamos talhando ranhuras na pele por onde escorrem nossos (tre)jeitos, seus feitos, meus tentos. Somos centros e bordas. Como boas metáforas, bordados. Acordes arborizados, folhas cheias das nossas danças. Quando inteiros, somos ritmo, firula e melodia. Pacote completo. Certos, porque assim dizemos; metáforas porque assim sabemos. Somos como queremos, pertos.