domingo, setembro 07, 2008

Ela existe agora ou existirá na próxima Primavera

(Texto de Fevereiro de 2007)

Vou falar de alguém que não conheço. Ela tem olhos de paixão, tem a cor da paixão nos olhos sendo mais específico. Poderia se chamar Luiza se quisesse. Ou ter qualquer outro nome que me viesse à cabeça. Mora em um lugar que não conheço, tem os amigos que imagino, freqüenta lugares que só sei o nome. Mas ela existe aqui bem perto de mim. Eu acredito.

Seria a minha companheira para a vida? A mulher com a qual eu brigaria não por outros amores, mas por um café da manhã quente? A mãe de meus filhos? A mulher que contaria o dinheiro comigo? Ou riria também pela total falta dele? Seria ela vestindo aquela blusa amarela linda na fotografia? Ou seria no sonho?

Ela existe com olhares do tamanho dos árabes. Ela existe e é judia. Bailarina, Professora. Dividimos o pão agora ou talvez no futuro. Ela entende e tem ódio. Ela me ama e grita de raiva como alguém no corredor da morte. Pinta as unhas de um vermelho de fúria como Claudia me mostrou certo dia. Claudia talvez tenha sido a luz do que será essa mulher. Ou talvez essa mulher venha para mostrar que Claudia não passava de unhas coloridas.

Com ela tenho paciência. Compro frutas e livros. Cartazes soviéticos para enfeitar a casa nova. Atendo a todos os desejos da gravidez. Atravesso a cidade para ganhar um sorriso de quem ama com o coração. Converso e calo conforme a música toca no andamento dela. Será sempre quem me faz forte, homem, pai, amigo, irmão, amante. Enquanto faço com um sorriso a mulher, mãe, irmã e amiga também.

Acho que consigo entender isso tudo perfeitamente hoje. Ela também entende. Talvez leia isso e me ligue. Ou encontre comigo no meio da madrugada cantando uma canção escrita por mim ou por outro cara qualquer. Ou me escreva um texto lindo como a minha ex-mulher um dia escreveu. Ela existe e já chegou aos meus sonhos, agora para entrar na vida é só um pulo. De dimensão ou de estação.

Ela decide.