quinta-feira, novembro 26, 2009

inconveniência

somos matéria de nossos sonhos, somos seus criadores, podemos e devemos produzí-los.

eu sonhei por nós dois. acordei quando você fugia dos diálogos com frases desconexas que não faziam parte das minha ideias quiméricas. quando você disse que não queria mais, que preferia fazer um outro feliz, nesse ou noutro tempo. acordei pra cortar e mandar repetir. você errou o texto, meu bem, ainda não era hora de falar isso. você maculou minha fantasia, cagou nas minhas frases feitas. você poluiu as minhas cenas, perturbou a estética maravilhosa que eu tinha produzido. desconfiou do meu roteiro, do meu talento para nos criar felizes, da minha capacidade inventiva. você duvidou de mim. das linhas que eu tracei para nossos próximos dias e meses. dos cenários que eu escolhi, da roupagem que eu dei. que eu lhe dei a você. a mim. você não deu crédito ao meu trabalho e quis impor seu nome nos créditos. quis assinar um sonho que era meu e que você estragou por não sonhar comigo. você é uma estúpida por jogar tudo fora, por improvisar onde não havia improviso. por sentir-se livre onde não havia liberdade. havia um sonho a ser vivido, havia uma vida a ser sonhada. mas você não quis, você não se permitiu viver sonhando, nem me permitiu sonhar com a vida.

você acabou com um romance lindo que eu tinha feito só porque eu tinha te refeito. e saiba: a minha você era bem melhor que a real. eu tinha lhe descrito muito melhor do que é na verdade. você não se deixou ser melhor, não foi capaz de enxergar a beleza que eu te acrescentei.

acabou com o romance porque você tinha sido apenas minha matéria, e isso de ser matéria nunca lhe foi o bastante, prepotente destruidora de fantasias.