sexta-feira, janeiro 22, 2010

Cinema

Saí pra dançar e defumar meus sonhos. Foi quando me contei essa história.

Disse que depois que ele entrou no quarto era cinema. Ela por cima, rebolava com tanto ímpeto que a cama batia na parede, batia no interruptor do abajur. Era o baque e um flash. A cabeça girando em êxtase, os lábios mordidos. Flash. Cabeça pra trás. Olhos revirados. Dedos na boca. Flash. Um sorriso imerso. Não chegava a 5 quadros por segundo. Eram epifanias, manifestações cósmicas do centro do universo. Era sexo. Tinha cheiro, gosto e suor. Tinha gôzo.

Ah, aquele sorriso.

Quando terminei de narrar a cena, trivial, não dei valor ao final. Fixei os olhos no Aterro do Flamengo, a paisagem carioca mais misteriosa. Definitivamente, minha vista preferida. Tanto a ficção quanto o Aterro nunca me dizem o que eles próprios são. Fechei os olhos e acordei nos Arcos. E ali eu já não era o mesmo.