segunda-feira, janeiro 25, 2010

Teatro

Concentrada, revirava a cabeça em círculos. Com calma e intensidade. Era aquecimento. Abriu os olhos, grandes como satélites naturais, e começou a sua dança.

Pois é, eles dançam. Movem-se como mercúrio, se escorrem, se debruçam e voltam à posição inicial. Simulações. Sabem o texto de cor, mas o teatro é mudo. Coreografam o impronunciável, de olhos abertos entram em órbita.

Ele já deu um pedaço de seu personagem pra ela.
Ela já deu um pedaço de sua personagem pra ele.

Ele fez uma cena com o pedaço dela.
Ela subestimou o pedaço dele em si.

Pararam antes de começarem a sapatear. Ela odeia musicais.

Para ele não há temporada intensiva de Brecht que o ensine distanciamento. Acho que falta o domínio dos recursos cênicos necessários. Ela, bem, o que podemos falar dela? Não podemos.